O verão traz sempre uma musicalidade maior, pela própria postura que as pessoas assumem de serem mais livres nessa época do ano (e musica e liberdade tem tudo a ver!). Na Europa, isso não apenas não é diferente, como talvez seja aumentado. As estações do ano aqui são vividas intensamente e essa musicalidade "veranesca" fica, portanto, à flor da pele durante esse curto período. Também nós, latinos acostumados (?) a essa estação, nos rendemos a esse circuito musical.
Depois de assistirmos ao show do U2 no sábado, a segunda (17 Ago) foi dia de música clássica! Anualmente, durante o verão inglês (novamente ele!), a BBC promove o que ficou popularmente conhecido como BBC Proms (ou The Henry Wood Promenade Concerts, no original). Esse e o 115.º ano desse festival que concede oito semanas inteiras apenas às apresentações clássicas, com preços mais acessíveis. Proms é a contração para a palavra inglesa promenade, que dá nome à situação de o público assistir ao espetáculo de pé ou caminhando na sala de concertos (alguns até deitados, de acordo com o depoimento de amigos). E é o que se vê no Royal Albert Hall, que abriga a maior parte dos shows desse festival. Independente de qualquer apresentação, o lugar em si já vale a visita, mas isso é assunto para outra postagem.
Nessa noite assistimos a 4 peças num intervalo de 2 horas: El amor brujo, de Falla; The Hague Hacking (Haags Hakkûh, no original), de Louis Andriessen e Mother Goose e Boléro, ambas de Ravel. The Hague Hacking é uma peça contemporânea (2008), de um compositor holandês, que teve sua estréia no Reino Unido nessa ocasião. A peça, composta para dois pianos e grande orquestra, causa uma agonia sem fim pela repetição que traz (como se depreende do próprio titulo), mas tem algo de interessante. Nossas discussões leigas nos levam a crer que os contemporâneos precisam mesmo nos provocar sensações diferentes, já que o potencial da música clássica tradicional já é bem conhecido. Apesar desse potencial "já conhecido", impressionante como Boléro, de Ravel, ainda surpreende numa apresentação ao vivo. A música vai aos poucos incendiando os músicos, a platéia, o local até terminar com nada menos do que palmas intermináveis para os artistas que (propositalmente) a escolheram para o encerramento do concerto. Como o verão.
P.S.: Terminamos a noite no Harbour City Restaurant, na Chinatown londrina. Uma boa comida chinesa em porções generosas que nossa habitual fome não permitiu sobras.
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